A finalidade dos encontros presenciais é confraternizar e a sensação, atestada nas fotos compartilhadas, é de resgate da história.

Para uns, o Facebook serve para manter certa distância. Afinal, permite curtir, sem se envolver. Para outros, porém, é ferramenta de aproximação. Uma turma de infância, antigos vizinhos de rua ou de porta, ex-colegas de escola e amigos que há tempos não se viam usam a rede como ponte para encontros presenciais com direito àquele abraço apertado.

Foi assim com um grupo fechado da rede social de Bocaiuva, no Norte de Minas, os “Facebookaiuvenses”. Já são 329 nascidos na cidade inscritos. Em seis anos, um encontro por ano – convocado via rede social –, sempre na cidade natal dos integrantes que, até então, estavam espalhados Brasil afora. “Comecei a fazer um álbum histórico da nossa terra com fotos antigas e isso me tornou uma aglutinadora de bocaiuvenses. Foi quando criei o grupo Velha Guarda e consegui reunir várias pessoas”, explica a professora de História Bim Brandão, uma das idealizadoras do “movimento” online.

A finalidade dos encontros presenciais é confraternizar e a sensação, atestada nas fotos compartilhadas, é de resgate da história. “Muito provavelmente, não fossem as redes sociais, as pessoas até hoje estariam sem se ver, sem se encontrar”, comenta o engenheiro Luiz Cláudio Pimenta, entusiasta do grupo, que mora em São Paulo, mas faz questão de estar presente em todos os eventos da turma.

FESTA DOS 60

Na região do Vale do Mucuri, em Teófilo Otoni, a história se repetiu e, graças a uma “mãozinha” do ‘Face’, gente que não se via há pelo menos 20 anos teve a oportunidade de voltar a se abraçar. Os amigos do “Jardim de Infância”, como classifica a psicóloga Ivana Maria Benjamin Rodrigues, moderadora do FestaTeo2014, se encontraram na web, organizaram o encontro e, um ano depois, concretizaram a festa dos 60. “Os 60 anos, considerando a margem de erro do Ibope, foram o motivo para o reencontro”, brinca Ivana, referindo-se às variações de idade da turma, para mais ou para menos.

A psicóloga lembra que, há 20 anos, grande parte das cerca de 70 pessoas do grupo original, considerando-se apenas os colegas de colégio, vizinhos e amigos de infância, combinaram um primeiro encontro, por telefone. A internet, mais precisamente o Facebook, diz, facilitaram muito as coisas. “Agora mandamos e-mail, adicionamos todos no grupo e por lá combinamos tudo. O reencontro começa no envio do convite e o significado de tudo isso é resgate e emoção”.

‘Kennedão’ facilita contato de amigos

Engana-se quem pensa que a grande rede – e nela está incluído o Facebook – só possibilita reencontros daqueles que estão fisicamente distantes. O ‘Kennedão’, por exemplo, foi fundado justamente para provar como é possível, pelas redes sociais, facilitar o contato entre grandes amigos.

Criado por ex-colegas da Escola Estadual Presidente Kennedy, hoje Anita Brina Brandão, no bairro Jaraguá, região da Pampulha, em Belo Horizonte, é graças a ele que a turma, de 76 pessoas, tem a oportunidade de combinar encontros, passados quase 20 anos.

“A turma é bastante variada, tem quem estudou a vida toda junto e tem, hoje em dia, gente casada, com filho, morando em outra cidade e até cabeludo que ficou careca”, descreve o gerente comercial Saulo Matheus Aires, “dono” do grupo.

Reuniões

Os encontros não têm data marcada para acontecer, dependem, como na vida real, da disponibilidade de agendas. Mas, pelo ‘Face’, é fato, são facilitados. Na página, cada membro opina sobre a data, horário e local em que poderá comparecer. Geralmente, as reuniões, que atualmente reúnem os “agregados” dos membros oficiais do grupo, acontecem numa pizzaria tradicional do bairro de origem da turma. “Eu agora moro no Espírito Santo e o Facebook é praticamente a única forma de ter notícias e falar com os amigos de BH. Com o grupo pude rever amigos da infância que não via há anos”, escreveu Fabiana Castro na página. 

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