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Inseticidas domésticos podem afetar sistema neurológico de crianças Hoje em Dia





Sabe aquele inseticida spray ou elétrico que você acha que faz mal apenas para formigas, pernilongos e baratas? As substâncias contidas nele, que paralisam o sistema nervoso dos insetos, podem causar danos à saúde, principalmente das crianças, alertam especialistas. Os riscos foram comprovados em um estudo, publicado este mês, na revista científica Environment International.

Os problemas estão relacionados à presença de uma substância tóxica da classe dos piretróides, extraída da flor do crisântemo. Além de nos inseticidas domésticos, ela está presentes em agrotóxicos usados na agricultura e na jardinagem e em loções para matar piolhos. O tóxico pode ainda ser encontrado na poeira doméstica e em alimentos.

Integrantes do Instituto de Pesquisa em Saúde e Meio Ambiente de Rennes, na França, estudaram a influência da substância em 287 crianças de seis anos, acompanhadas desde a gestação. A conclusão foi que os piretróides tornam-se neurotoxinas, afetando o sistema neurológico das crianças.

Os danos envolvem diminuição significativa do desempenho cognitivo, particularmente da compreensão verbal e memória. “As consequências de um déficit cognitivo em crianças para aprendizagem e desenvolvimento social constituem desvantagem para o indivíduo e a sociedade”, diz Jean-François Viel, um dos responsáveis pelo estudo.


EXPOSIÇÃO

Pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, Paula de Novaes Sarcinelli considera preocupante o uso crescente de inseticidas domésticos.

O hábito das crianças de levar a mão à boca aumenta os riscos. “Tem que ter controle extremamente rigoroso. Alimentos precisam ser colhidos respeitando o tempo de degradação dessas substâncias. Se são lavados, reduzimos o risco, mas não eliminamos”.

Os tóxicos são absorvidos pela pele, sistemas respiratório e digestivo e excretados em 48 horas pela urina. Os danos ao organismo estão relacionados à quantidade e ao tempo de exposição, explica a pesquisadora.

Entre as doenças causadas por essas substâncias há casos de câncer, disfunções do sistema endócrino, além de efeitos imunológicos e neurológicos.

Estudo quer criar parâmetro para uso de substâncias

O uso de inseticidas é ainda mais perigoso pela ausência de uma norma e de pesquisas que determinem os valores seguros para aplicação no ambiente doméstico. Para preencher essa lacuna, um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz busca identificar as doses encontradas em moradores do Rio de Janeiro de duas substâncias tóxicas mais comuns: os piretróides (domésticos) e os organofosforados, usados por empresas de dedetização.

Uma das pesquisadoras participantes, Ana Cristina Simões Rosa explica que foram selecionados, aleatoriamente, 462 moradores de 33 regiões do Rio. Foram recolhidas amostras de urina para identificar os metabólicos excretados pela presença das substâncias tóxicas.

“Vamos dosar o metabólico para ver o quanto as pessoas têm ou não na urina. A partir daí, vamos definir uma dose comum. Isso porque normal não é. Ninguém deveria ter essas substâncias no organismo”.

Com a definição de um valor, os pesquisadores irão relacionar a amostragem com a dose segura avaliada em animais. Assim, um parâmetro seguro em seres humanos será determinado.

Precaução

A jornalista Tatiana Foureaux Ministério, de 30 anos, temendo os riscos dos inseticidas para a saúde da filha Elisa, de 2 anos e meio, não usa produtos à base das substâncias tóxicas.

Outra atitude de Tatiana é quanto a utilização de produtos com BPA, presente em plásticos. Para evitar a substância, que pode causar diversos danos à saúde, ela comprou os utensílios de plástico nos Estados Unidos, como mamadeiras, copos e pratos. Lá, os produtos são identificados como BPA free (livre de BPA).

Uma pesquisa realizada pela Escola de Saúde Pública de Harvard e a Escola de Medicina Monte Sinai, em Nova York, em 2014, mostrou que 12 produtos químicos e tóxicos pouco conhecidos também atuam como neurotoxinas nas crianças. Entre as substâncias, o BPA, proibido em mamadeiras no Brasil desde 2011.



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