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Personagens do filme Guerra nas Estrelas ofertando abraços livres.



Quando surgiu na Internet a fofa campanha por Abraços Livres ou Free Hugs cheguei a pensar que a “coisa” se transformaria numa espécie de viral continuo e renovado. A iniciativa contagiou tanto que mesmo em bairros da periferia da periferia (não é erro de digitação e sem preconceitos) da América Latina jovens surgiram com aqueles cartazes que podem ser interpretados de duas formas: a pessoa concede abraços sem exigências ou ela aceita abraços sem acepção de pessoas.

Não demorou para a “onda” passar como mais um modismo do tipo foi bom enquanto durou para quem praticou ou já vai tarde para quem vê em qualquer atitude carinhosa uma segunda intensão.

Campanhas por abraços são audaciosas e, para os mais reticentes, ultrajantes. Há pessoas que interpretam um abraço como assédio sexual. Há indivíduos homens ou mulheres que nascem e crescem sem que seus pais lhes ofertem um único abraço carinhoso ou um beijo de boa noite. Muitos pais consideram essa atitude coisa de maricas (em relação aos filhos homens) e pedofilia (em relação às filhas). Há sempre pessoas desequilibradas que se valem dessas manifestações afetivas para praticarem suas bizarrices com crianças indefezas. Outras pessoas dizem que quem vive procurando abraço é gente carente. Gente “normal” não precisa dessas “frescuras”. Em alguns países beijo no rosto entre pessoas de qualquer sexo é ato cerimonioso e homens andarem abraçados pelas ruas pode ser coisa entre pai e filho ou demais parentes. No Brasil há uma forte tendência a tudo, nesse sentido, ser interpretado como exacerbação da libido sexual.

Curiosamente, pessoas que não estão habituadas a dar e receber abraços reagem com estranheza quando recebem um. O mais curioso é que indíviduos adultos não conseguem agir como multiplicadores quando se trata de um simples abraço. Muita gente precisa de épocas como o Carnaval para, embriagada, perder a vergonha e sair beijando até poste. Todas essas convenções são quebradas sob a máscara dos narcóticos e das bebidas alcoolicas. Mascarado o ser humano se encoraja para manifestar o carinho que deveria ser lugar comum em sua vida diária sem violações dos direitos humanos.

É possível que por meio da educação possamos aprender a separar  afetividade fraterna e familiar de desejo ou inclinação sexual. Aquilo a que denominamos “Educação Sentimental”. Há livros que promovem o abraço como terapia diária  utilizada com êxito em algumas escolas públicas. A campanha por abraços livres pode ter surgido como extensão dessa terapia.

Como diria um amigo poeta, Abraços Livres foi só mais uma campanha entre tantas outras para vender camisetas. Se abraçar desse lucro  para os praticantes, o marketing seria mais ofensivo (no melhor sentido) e viveríamos um epidemia de afetividade sem precedentes na História.

Lecy Pereira Sousa


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